O que há de tão divino e eterno que me prende ao chão, na entrada da gruta que se abre como um janelão e sugere que entre para provar que há vida na escuridão!? Vejo, na abertura que se oferece, um reflexo aquoso que revela parte do que há para dentro, um som de paz, angústia, memória oculta e solidão. Dois passos, talvez mais, nem percebo o chão de travertinos espalhados, porosidade sob meus pés, umidade abafada e brisa quente. Um cheiro de abandono e me sinto pequeno. Dói saber que mais além há um incógnito destino, o desconhecido aguarda de boca escancarada, um medo se anuncia com a emoção de reviver os tempos rochosos dessa terra feita para arar. Desconheço que as horas passam; o relógio geológico é mais lento, nele há apenas eras por nós maculadas, tudo que traz o vento, tudo que faz do tempo sedimento.