Esquiva e sinuosa
Há marcada franquezaem tudo que a formal grafia esquece.Belo Horizonte, esquiva e sinuosa,planta da correção imperfeita: saborosa.
Há marcada franquezaem tudo que a formal grafia esquece.Belo Horizonte, esquiva e sinuosa,planta da correção imperfeita: saborosa.
A arte de viver e de ser é a arte da fuga,uma ensambladura que dizque em toda distância nos pertencemos.Minha essência é sua,por aderência, intimidade,força, conhecimento e complacência.
A interioridade é a exterioridadevoltando sua face para dentro.Dentro de mim há o mundoe seus habitantes mais distintos.Dentro de mim há vocêque procura e, talvez, não saibaque encontrou a alma que neste corpo habita.
Essa demência que me vemnão participa de quem sou, é fora e distante o suficiente para enganar e entorpecer. Enlouqueço pelo que me vem,não pelo que sou e apenas pelo que represento.
Eu, que nem sou mais o mesmo, vivo da alcunha do que dizem que sou ou do que me desentendo por ignorar. Seu olhar me salva do mundo, durmo o sono daqueles que se vão por gosto, sabendo que o provável é não tornar.
Em Pascal e Valéry, primeira visão do abismo. Horror no timorato, coragem ao desafio. Queria subir aos céus, queria transpor o mar. Temor e busca de anjos e de Deus. Coragem, coração, enfrentar os seus. Com Pascal, subiu aos céus; com Valéry, transpôs o mar. Lua e sol brilharam, noite e dia revelaram. Pálido, o
Ela disse estar bem e eu queria saber mais. O que é estar bem, se não estou ao seu lado? Ela disse que realizou um sonho e eu queria ser parte do momento. O que é realizar um sonho, se seu corpo não é por mim tocado? Sua casa fora de mim não é a
É chegado o momento em que nada mais é desejo, senão a morte. Que a morte seja bela e singela, sem prolongamentos ou espera, arrebatadora ou calma, mas que me venha, sorridente, abraçar no calor de uma noite de verão. Desejo a morte por saudade, desejo a morte por contrição, desejo a morte para resolução
Vão chegando as nove horas. Não sei por que ainda vivo. Sou eu que me mantenho vivo ou me renovo fora de controle? Morte sob águas, onde a vida teve início, seria um fim ou um recomeço? “Temor mortis” ou “amor mortis”, uma indecisão do intérprete, não de Hart Crane, não do espírito do poeta.
O espírito do poeta Read More »
Não cometamos o segundo pecado de culpar a moça bela por nossa infelicidade. Culpando-a, novamente sacrificamos por nossos fracassos. Não façamos isso novamente. O velho é o ramo que o jardineiro fana do limite mortal arrancado, à eternidade é lançado. Já nem homem, nem imagem ou agrado, apenas sangue e lama, caixão pranteado, agonia de