Há uma história de registro comum: a traição. Mas o que seria o enredo dessa comum história? O humano é corpo, mas não somente, é também algo imaterial que move desejos, pulsões, elaborações mentais, ansiedades, paixões, desequilíbrios, expectativas. A esse conjunto imaterial tem sido ofertado foco minimalista de estímulos químicos, sinapses, por uma visão cientificista, mas isto é tão pouco para a estima humana e ousado demais para aceitar como exculpativa de arrojos, desatinos e violências diversas! O cristianismo nos concebeu e construiu civilizadamente como mais, muito mais do que sinapses, como corpo e alma, imagem e semelhança, perfectíveis em nossa busca eterna. A traição está sempre próxima, como uma facada dada pelas costas; é a facada desferida por quem adula, ilude, aproxima e mantém sua vítima no devaneio de que está a salvo e segura; arrasta a vítima ao desespero da desconstrução de uma existência em engano. Tão maior será a traição quanto de mais próximo partir o golpe. Pode matar, ferir, deixar sequelas físicas e psicológicas. O traidor percorre o caminho do ilusionismo dos perversos.