O que se passa na mente que dorme comatosa terá cores de natureza ou arte? Indagação novecentana de quem soubesse dizer das cores seus contextos. De Kandinski a Paul Klee, quase não tive fôlego, sapiência racional e emocional, cores carreadas de circunstâncias a elas atribuem identidade. Benjamin, a Angelus Novus divagou em história o Anjo do Tempo, de costas para o futuro e frente para o passado. Escombros frustrados do ser e do devir. Cores, elemento suposto, talvez indesejado. Imagens esmaecidas, memória residual dos tempos de definição. Tarsila, bela, cores nativas, formas sem esquina, como seixos rolados, já não brancos como seriam monumentos aflorando no planalto. Que bela combinação de relevo e clima! O cerrado testemunha seus odores, o doce forte do araticum, a casca tão boa de roçar, o sumo de sentir por toda língua. Não é branco seu olhar e audir encanta por sons do gaio azul e demais tordos, do ventre recolhidos, o laranjeira, meu preferido.