O que anima a noite é a ideia de morrer,
o consolo de não acordar
e evadir-me desse mundo,
tudo encerrando em um segundo.
O que desespera pela manhã
é a inevitabilidade de viver mais um dia
sem me despedir da noite, minha amiga,
quando o momento sonhado era final.
Um único olhar seu bastaria
para encerrar essa contenda da noite com o dia
e descansar da ansiedade de viver em agonia.
Um único olhar seu anestesiaria
a luz do sol e o turvo luar,
sem arrependimentos, sem erros,
sem olhares inquietantes
e sorrisos mal disfarçados dos exultantes.