O mal é criação humana, como pretende Agostinho, ou divino, para edificação da alma, como pretende John Hick? Agostinho abriu a medievalidade e a culpa humana era uma necessidade justificada; Hick, na segunda metade do século XX, enxerga a insustentabilidade da origem humana do mal, que, encarado como desfavorecimento à vida, antecede cientificamente a própria humanidade. Registros fósseis de violência e morte são milhões de anos anteriores ao advento dos seres humanos, logo, o mal antecede a humanidade e não pode ser compreendido como criação humana, mas, para uma teodiceia cristã, deve ser havido como mistério de criação divina para edificação da alma. Assim, sejamos ou não cristãos, Hick parece mais atual e apropriado; seu pensamento, mais aceitável. O mal está na ordem do mistério divino, destinado à edificação da alma, ou, para os não crentes, está na ordem de uma natureza cujas forças são anteriores e superiores à humanidade, perdendo-se em algum momento de combinações físico-químicas que deram origem à vida em nosso planeta.