Porosidade

Cultura é porosidade, 
Drummond itabinaramente confidencia, 
de incertos limites,
filtra e absorve tudo que lhe chega, 
faz depósitos de novidades 
que algum dia serão tradição.

Cultura é acaso que aprisiona 
E obriga enxergar culturalmente.

Comunicacional, 
humanidade é exclusividade 
capaz de destruição consciente, 
de sofisticação de métodos 
de destruição consciente, 
de reproduzir a própria destruição 
de uma geração para outra, 
comunicar o fato 
e registrá-lo à posteridade. 

Subtraímos à existência 
todas as demais espécies, 
ensinamos como fazê-lo, 
aperfeiçoamos com estética, 
com eficiência, 
o processo extintivo, 
que legamos à posteridade, 
e nos vangloriamos disso.

Ao final, nos extinguiremos 
e nos dividiremos: 
apoiadores do final dos tempos, 
desaprovadores do final dos tempos, 
que enxergam nisso o juízo final 
e pouco se importam, 
pois mors omnia solvit. 

Indiferença a consequências 
e consciências e, também, 
nossa marca comunicante, 
a história diz.

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