Por que escrevo?

Escrevo porque penso ou porque as condições materiais de vida assim recomendam ou determinam? Essa é uma questão tipicamente marxista, mas se tudo se reduzisse a condições materiais de vida, o que escreveriam sobre nós os seres que submetemos às nossas necessidades? Teriam consciência de sua condição de objeto de satisfação de nossos desejos, futilidades e necessidades? Revoltar-se-iam a ponto de editar um manifesto ambientalista ou vegetalista e armariam uma revolução ou algum plano de destruição da humanidade? Tudo isso demandaria um processo evolutivo para além da vida material ou das condições materiais de vida, que a mim me parecem uma redução facilitadora para um objetivo específico.

Minha inquietação mental, que me leva a escrever, tem ais do que simples reflexo de condições materiais de vida, tem emoções e carências emocionais, desejos espirituais, amores e desavenças, um universo interior bem mais amplo do que qualquer ideologia. A pesquisa da origem do pensamento ou da escrita nas condições materiais de vida iguala tudo e todos, menos a origem da necessidade em cada um, suas consequências, sua abordagem e seu destino. A desigualdade material e intelectual é a origem da minha escrita.

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