Poeta da verdade

Se a filosofia busca a verdade, deve o filósofo preocupar-se em desfazer mal-entendidos? Creio que não. O mal-entendido não faz parte da verdade; o mal-entendido participa do que não é a verdade. Corrigindo-se, o filósofo aproxima-se da verdade; desfazendo mal-entendidos, o filósofo esquece-se da verdade e deixa de contribuir para seu encontro. Deve, portanto, o filósofo, como o poeta, ser intelectualmente ousado, até mesmo insubordinado (como Carlos Drummond de Andrade foi, para merecer expulsão do Colégio Anchieta, em Nova Friburgo, Estado do Rio de Janeiro, no ano de 1919). O filósofo é, em certa medida, um poeta da verdade, donde resulta que o poeta pode ter a ousadia de filosofar, se sua poesia for verdadeira e não se resumir a métrica e rimas.

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