Perfeição

Se fôssemos todos moral e eticamente perfeitos, escolheríamos sempre fazer o que é correto? O correto a fazer, diante de toda avaliação moral e ética possível, será sempre consensual ou haverá possibilidade de mais de uma resposta válida e correta para a mesma indagação, necessidade ou situação controversa? Mesmo a unidade moral e ética permite discussão sobre o que é certo ou errado diante de questões, necessidades ou situações concretas, o que significa que essa unidade não evitaria conflitos sérios e até guerras. O livre-arbítrio, mesmo diante de unidade de pensamento e comando, ainda que entre santos, proporcionaria o suficiente à autodestruição humana. Questões ligadas ao aborto e à morte são típicas para gerar discordância entre pessoas de sólida moral e entendimento ético. Quem estaria certo, ou a partir de quando ou de que ponto poderia o certo converter-se em errado nessas questões? Haveria ainda outras questões a criar dificuldades, mas se houvesse apenas uma resposta possível e uma única conduta possível por parte de todos, não haveria livre-arbítrio, apenas limitada cognição e limitada ação; nessas condições, seríamos instintivos e não pensantes, não faríamos algo por nossa escolha, faríamos mel, como boas abelhas, e nada mais. Não há possibilidade de moral ou de ética em seres assim; não há possibilidade de coragem ou de generosidade, pois uma criatura assim faz apenas o que foi concebida ou programada para fazer, esvaziando toda possibilidade moral ou ética de discussão, escolha e ação.

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