Palavra de pecado, fado interdito

Alvura de intenção reversa, 
que já não posso pronunciar, 
síntese do desejo interdito 
e da realização inenarrável, 
senão por imagens 
que pensam e falam 
melhor do que palavras cismarentas 
e dúvidas impeditivas, 
não do pensamento, 
porém da expressão e da intenção. 
É tanto o que me proíbe o soneto, 
por erótico demais 
para certos olhos e leituras, 
que a regra já não é mais dizer, 
apenas esperar 
que o gesto seja interpretado 
e adequadamente entendido, 
ou sofrer da incompreensão 
para além da meia-idade 
e morrer guardando no peito 
a impronúncia condenatória do amor 
a um ódio que não o desfaz, 
que procria prole nefanda e estéril.

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