Os cumprimentos socialmente difundidos, diferentemente daqueles combinados entre grupos específicos, têm no Brasil um caráter muito próprio, são mais do que simples saudação, são desejos, premonições (talvez) e têm implicações não raro intrigantes para estrangeiros não afeitos aos nossos costumes e cultura. O popular “Tudo bem?” parece implicar mais do que desejo, premonição ou constatação, chegando a uma disfarçada insinceridade quando o cumprimentado evidentemente está a sofrer ou não vai bem. Em Minas Gerais ocorre regionalismo em um cumprimento que ilude o desconhecedor do movimento da Inconfidência de 1789. Trata-se do aparentemente despretensioso “Bão?!” Esse cumprimento serve como um convite para tomar um cappuccino e comer pão de queijo, mas pode ocultar tudo que o caráter reservado do mineiro deseja não comunicar; é um recurso universal desse mediterrâneo brasileiro, esconderijo e revelação das felicidades e das infelicidades históricas. É possível resumir nesse cumprimento o caráter de Minas Gerais, um lugar onde a felicidade se busca para descobrir que sempre esteve onde está.