O amor que ofereço

Minha querida, afasta de mim o seu amor

que para ele ofereço, como presente, apenas o pior:

dos olhares transeuntes, a mudez da reprovação,

dos filhos e dos circunstantes, advertência e condenação.

 

O que ofereço é morte de baixo custo,

vida inglória, de sede e fome, sem paradeiro,

coisa que se vê apenas no cancioneiro,

uma saga que fere e amputa um falso Augusto.

 

Compósito de folhas impróprias, sopro do estival,

que se não consegue enxergar e que, ao final,

deixará o sabor da amargura, do acre e de bílis pura,

do infausto em suas entranhas, torpor e secura.

 

Minha querida, afasta de mim o seu amor

que sou, na ordem dos desgraçados, o prior:

levo comigo, qual alquimista, poção do que for

que entregue às almas desesperança, tristeza e pavor.

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