O mundo não é um amontoado casual de seres e de coisas dispostos por acidente. Seres que o habitam, seres de todas as espécies, formam mundos diversos segundo sua percepção sensorial, suas necessidades, sua inteligência, sua constituição psíquica e suas experiências únicas. Cada qual obtém para si e transmite sua percepção de mundo, esteja ou não em conformidade com a percepção média de sua espécie. Cada pessoa pode elaborar e transmitir sua percepção do mundo de todos assim como elaborar e transmitir sua compreensão e seu próprio mundo. A posição de cada humano neste mundo de todos oferecerá a nuance de sua perspectiva e a coletividade avaliará, julgará, classificará essa concepção de mundo e dirá: é bela, é boa, é má, é harmônica, é insana, é doentia, é genial, é comum, é limitada, é distorcida, é perversa, é caridosa, é cruel, é censurável, é concordante ou discordante. Cada qual elaborará seu juízo sobre o mundo alheio de acordo com sua própria perspectiva, seu lugar no mundo de todos. Limitar isso, impedir ou buscar impedir a expressão do mundo do outro é rebaixá-lo ou tentar rebaixá-lo da condição de ser, é torná-lo ou tentar torná-lo coisa e fazer ou tentar fazer dele um objeto dominado. Isso é cruel, censurável, antidemocrático, perverso, distorcido, não é bom, não é belo, não é caridoso nem elogiável.