Moças magnólias

A natureza tem uma linguagem que cicia, 
recebe e devolve em murmúrio 
tudo que se pronuncia. 
Disseram as meninas-moças 
uma tempestade em tarde vazia, 
sussurrou a natureza uma oração 
como igual não havia. 
Eu, absorto, tudo via, 
em devaneio, longe, admirado, 
menino, nada compreendia.

Ainda bailando, 
dos corpos se desprendia 
o sabor do mar que com a língua 
saboreava em algaravia. 
O vento soprava seus pelos 
e o sentido terreno no ar se esvaecia, 
a boca secava, o coração acelerava 
e o por quê eu mesmo não sabia.

A imaginação se demorava, tardia, 
como em contos infantis 
que minha pouca idade rejeitava e desfazia. 
Os sonhos de então, 
feito os do antigo judeu 
convertido de anciã família, 
eram para mim muito mais 
do que simples presságio, 
eram profecia.

Assisti ensaiados passos 
das flores magnólias 
com sua beleza de natural amor 
por cores em árvores 
longevas e resistentes, 
moças em cujas peles 
de emoção e sentimentos 
meu olhar jazia.

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