Se a justiça é o que faz a vida feliz, a felicidade do sádico é a injustiça de que reclama sua vítima; a injustiça do sádico é a infelicidade de sua vítima. Como se deve viver? Se o foco da vida for o indivíduo, sem dúvida que a vida deve ser feliz, ainda que à custa do semelhante, que pode ter vida infeliz e injusta, desde que o mais forte esteva convicto de que a submissão do mais fraco é justa e o faz feliz. Se o foco da vida for a coletividade, justo será apenas aquilo que faz a coletividade feliz, ainda que à custa da injustiça e da infelicidade de alguém ou de um grupo minoritário, desde que tal ocorra em prol da maioria.
Uma escolha deve ser feita entre as duas possibilidades extremas; nada impede que se faça um jogo de compensações entre indivíduo e coletividade na busca de equilíbrio e satisfação. Para que ocorra a possibilidade de equilíbrio e satisfação, agrega-se à justiça e à felicidade a educação, porquanto somente o conhecimento proporciona correta avaliação e solução para os mais diversos problemas da convivência consciente e responsável, na cidade ou na República.
O conhecimento distingue a aparência da realidade, a aparente felicidade do injusto da real felicidade do justo. O injusto que se julga feliz é apenas um ignorante ou alguém portador de sofrimento mental que não admite ou que desconhece sua própria condição. É interessante ponderar que os pares justiça/injustiça e felicidade/infelicidade referem-se no negativo (injustiça e infelicidade) ao presente, e no positivo (justiça e felicidade) ao futuro, por isso que esse tema é diretamente afeito à educação, pois visa o futuro a partir do reconhecimento da precariedade e do sofrimento presentes.
É necessário conceituar os pares justo/injusto e felicidade/infelicidade para criar paradigmas a partir dos quais se possa aferir e diferenciar aparência e realidade, conhecimento e ignorância, pautar a educação e legar a gerações vindouras uma cidade ou República melhor do que aquela que recebemos.
