Vivi meu tempo de ser como Ismália,
olhando duas luas, uma no céu
e outra, lânguida, espalhada pelo rio São Francisco.
Nessa vida, nasci em Matias Cardoso
e escrevia em Januária,
havia o sobrado dos Normanha
e uma ligação subterrânea com a Matriz de Nossa Senhora da Conceição,
tudo como uma agradável ficção.
Escrevia como Alphonsus de Guimaraens,
mas minha vida não era desesperada e nem solitária.
Meu hábito de beber e de fumar não passava disso,
um hábito, nunca chegou a ser vício.
Meu vício tinha versos modernistas,
não havia rigor parnasiano e nem o simbolismo era seu guia.
Se o signo difere do significado,
não podia eu ser Alphonsus verdadeiramente,
era apenas sua lembrança em outra cercania.
Um dia, no distrito de Barra do Guaicuí,
subi o rio das Velhas até chegar por aqui.
Nem lembro que tempo transpus
no enevoado da memória feita para essa transição.
Sei apenas que perdi minha lua na água
e tenho agora somente o chão.