A literatura proporciona oportunidades de amizades que o fortuito encontro normalmente desacreditaria. É uma graça que se alcança em momentos de solidão noturna, na embriaguez das letras e na estética do bom texto. Foi assim que conheci meu saudoso amigo Carpeaux, nas trilhas que levam a Roma, com todas as dificuldades impostas, que exigem humildade nas quedas, como ritos que se obedece por necessidade do aprendizado.
Desilusão, talvez seja este o mais comum sentimento, quando se perde a referência da palavra revelada e a desimportância ocupa a vaga deixada pelo progresso, ao passar destruindo a obra dos milênios para fazer prevalecer o novo, simplesmente por ser reedição em capa dourada de ambições passadas. A idade recomenda cautela, mas ao espírito é que cabe ter cuidados, por isso que a orientação religiosa, tão antiga e efetiva, a despeito de afastada por pretensões de predomínio da razão, deve ser sempre ouvida e apreciada.
Após ceder, na arrogância da juventude, ao pensamento fundado nas exclusividades da iluminação, o tempo, que se faz diferente a todos, em experiências dispersas na existência, mostra o mistério de seu próprio fluir. Finito para a criatura, dá a ela angústia e ansiedade, pois o que se faz em vida é a completa diferença ao partir e acaso merecer, dos sobreviventes, clemência. O certo e o errado não são, no ser para a morte, mais que predominância e a promessa de que, para o futuro, nenhuma ciência vale tanto quanto a esperança.
Muito bom, caro Bruno, como sempre. Saudades de você. Abraços.