A política não consiste em impor universalmente a Verdade (ou em impor a verdade universal). Ela consiste em ajudar a escolher o melhor de um modo diferenciado. Essa é a enorme sutileza, mas também a enorme objetividade de um relativismo consequente” (Barbara Cassim, Elogio da Tradução, tradução Simoni Christina Petry e Daniel Falkemback, São Paulo: WMF Martins Fontes, 2022, p. 118). “Leiam a diferença: Václav Havel na oposição, escritor e político motivador, e Václav Havel presidente, que escreveu ‘O amor e a verdade devem triunfar sobre o ódio e a mentira’ [Pravda a láska musi zvít zit nad lzí a nenávisti, 2007]. Claro, preferimos que o amor e a verdade estejam no poder, mas que desperdício colocar o universal do lado do mais forte!” (op. cit. nota 35, p. 119).
O relativista na oposição é o conservador no poder, como Václav Havel na Polônia e outros na América Latina. Havel foi plagiado explicitamente por líderes latino-americanos entre o final do século XX e o início do século XXI, no decurso de governos em que declararam que tudo que a eles se opusesse, ou quem a esse trabalho de oposição se dedicasse, contraria a verdade e o amor, apoia o ódio e a mentira. Líderes latino-americanos fazem de seu discurso opositor uma cruz para seus opositores, apropriando-se de Havel e fazendo serem suas as palavras do líder polonês. Tudo se recria sem originalidade, mas com senso de oportunidade.
Edificante reflexão, Dr. Bruno. Parabéns!!!
“No amor não há medo, antes o perfeito amor lança fora o medo, por que o medo tem consigo a pena e o quem tem medo não está aperfeiçoado no amor” (IJoão, 4:18)