A palavra não é necessariamente a verdade, pode enganar, imitar, mimetizar e até expressar uma verdade, mas a palavra, definitivamente, não é por si a verdade de algo a que se refira, a realidade, aquilo que é e pode ser demonstrado. Entre a palavra e a verdade dar-se-á preferência à verdade, o que é mero discurso, pois a opção prática será, no mais das vezes, pela palavra, com todo seu potencial de engano. A palavra verossímil, mas falsa no contexto, pode facilmente conduzir a julgamentos críveis, mas injustos, se não há preocupação com conceitos e princípios de demonstração da realidade. O engano e a falsidade podem ser demonstrados e afastados como critérios orientadores de julgamento consciente; essa é tarefa do julgador acima de tudo, evitando assim trair a virtude cardeal de seu trabalho: a justiça. Na tragédia atual, a política e a retórica assumem importância quando atacam a fome, mas introduzindo a corrupção, que leva a nova fome, mas também leva à miséria, à doença, à degradação e à morte (vale dizer: amenizam o presente para comprometer de forma mais aguda o futuro).