Cante como se eu fosse morrer em instantes.
Cante como se fosse capaz de salvar minha alma
do obscuro destino de todos que seguem, cegos,
para a carnificina das verdades e das mentiras.
Quando o tempo se aproxima, e o vento silva,
a coluna contrai, o medo participa a chegada
da fúnebre executora do contrato de cada existência,
deixa partir nas águas que apenas Caronte domina.
O sono não é bom ou mau, para quem navega
a cuidados do barqueiro ditoso e acostumado,
pelo Estige, supondo um destino que lhe seja azado.
A última recordação há de ser melódica e distinta,
como persona, que esconde quem apenas eu sei,
para desvelo eterno e consolo no devir incerto.