Mímesis

A mímesis, a representação ou imitação, é essencial à arte política, cuja estética moderna é a da laicidade do Estado: o Estado religioso, tão em voga no século XIX, é agora expressão de atraso político. Assim, o homem religioso afasta-se da religião ao exercer a política e afasta-se da política ao professar sua religião. Esse comportamento esquizoide não resiste na alma do homem religioso, pois nela não se distinguem política e religião. Como sabido e antropologicamente demonstrado, a religião foi a primeira ou uma das primeiras formas de cultura a reunir pessoas e permitir, na medida da densificação das aglomerações humanas e da especialização das funções sociais, o surgimento da cidade, da polis, do Estado e, portanto, da política. A absoluta separação entre o religioso e o político é artificial; melhor seria o regime de convivência e de tolerância religiosa no ambiente político, com o Estado guiado por esses princípios, do que a condenação do religioso ao afastamento da vida política.

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