Palavra e linguagem

A exatidão da palavra científica e filosófica rebaixa a frouxidão relativa da linguagem cotidiana. Os paradoxos, as perplexidades, os inesperados, os sustos, os inclassificáveis, os impossíveis de traduzir, tudo isso tem seu lugar: a desordem do conhecimento insuficiente, que se pretende absoluto. Se nominar a natureza, como também fixar critérios e classificar, está na herança de Adão por concessão divina expressamente consignada no Livro de Gênesis, quando falham o dizer, o nominar e o classificar não falha Deus, falha o homem na responsabilidade de sua herança, ele que foi feito à imagem e semelhança, mas que não é Deus e por isso é falho. Contenta-se o humano com sua condição? Com nada se conforma e por isso busca a exatidão da eternidade divina na ciência, criação tão humana. A linguagem, essa magia, distingue a humanidade, pois é plástica e misteriosa, bela e dúctil, pode ser ousada ou servil, avançada ou senil, atilada ou demente, dizer sem fazer presente, iluminar o ausente, ser saudade que não se diz, mas se sente.

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