Historicamente, mudanças econômicas e sociais aconteceram lentamente. Sempre foi possível viver décadas sem experimentar mudanças econômicas e sociais de largo alcance. No entanto, o século XIX acelerou o processo de mudanças de tal forma que hoje, no início do século XXI, após as graves experiências das grandes guerras e da introdução da informática no cotidiano do século XX, é impossível viver estabilidade por mais de uma década. Tudo se transforma e a obsolescência da modernidade ocorre em instantes e todos são rapidamente dispensáveis. Essa agilidade transformadora induziu políticas de forçar e acelerar ainda mais o ritmo das mudanças econômicas e sociais. Não somente as pessoas desejam, mas governos, poderes constitucionais, instituições autônomas buscam acelerar cada vez mais o processo de evolução da economia e da sociedade, atropelando o tempo de necessária maturação e constrangendo quem não se adapta com a agilidade necessária. Influências como tradição e religião, com forte poder sobre o agir e o pensar coletivo, são cada vez mais afastadas. A segurança torna-se utópica e a insegurança, um regime comum de vida. A quem essa situação beneficia? Não está muito claro, ainda, mas parece que estamos à deriva, cegos à beira de um precipício.