É vida o que se escolhe, o que é motivo. A balada que sustenta o poeta sustenta o admirador, mesmo a morte, se é ela quem lhe dá sentido. Nos longes de sua imaginação poética estou à vontade e refeito do quanto morro a cada dia, do quanto testemunham essas retinas cansadas. Amar, verbo em trânsito das imagens que cultuo em sua poesia, nos cursos que suas lágrimas abriram em voçorocas pela alma leitora, por vidas em sofrimentos de viver as mortes na família de amizades angariadas com linguístico sacrifício. Sofro em seu sofrer. Não é sua consciência de sofrer que me faz sofrer, não é sequer a palavra encanecida e encharcada de pranto que se pronuncia sem perceber qual é o seu humano poder, é a leitura empática que leva meus olhos a chorar. E não há nisso nada que não seja entre homens empatia. É toda sua vida soprada nas asas de um passarinho que me diz o que é o sofrer, é tudo que veio antes e que lhe foi dito, que foi em verso vivido, que fez sua família e construiu suas lástimas, é o comprometimento da saúde que faz a morte temer, são as mulheres e seus amores, suas dádivas e reclusões em renovadas dores, as tantas e frustrantes noites, a sequência dos dias de calor e de frio, rompendo a capacidade de ardores, tudo de que ninguém, nem mesmo você, suspeitava. O seu amor cinquentenário, tão urbano e consumido, que faz forte o comum, como se fosse extraordinário, lírico encanto para nosso povo. Ódio ao ódio para amar sempre mais outra mulher que encha de saudade seu precioso coração, feito para neste mundo sofrer por nós e por sua Helena, descoberta madura, inteira, maior em sua maravilha. Tudo de importante acontece e sua vida sempre amanhece e tudo ocorre com a advertência: não cesse! Não cesse sua vida, que todas as demais nutre de esperança, que às outras faz esperar que o novo mais uma vez apareça, que o jardim do povo floresça. O sol reaparecerá, não importa que este dia seja triste e sem festa de aniversário, não importa que a lua, por tanto sofrimento, desanime e se ofereça à morte dos encantos. O sol reaparecerá e a alegria virá.
Bela e profunda homenagem ao nosso poeta Maior.
“O sol reaparecerá e alegria virá”! Belo!